quarta-feira, 15 de junho de 2016

Avanços da Reprodução Assistida

A cantora Janet Jackson anunciou, aos 50 anos, que está grávida. E mais: de seu primeiro filho. O fato pareceria impossível até há bem pouco tempo. Não mais. Tornou-se habitual nos dias de hoje, graças aos avanços das técnicas de reprodução assistida.
Assim como no exemplo acima, descortinam-se outras possibilidades: congelamento de óvulos, doação de óvulos, maternidade e paternidade em casais homoafetivos, útero de substituição (“barriga de aluguel”), casais soro discordantes, diagnóstico pré-implantação, etc. A oportunidade de ter um filho está muito mais próxima do que se imagina. A reprodução assistida também provê tecnologias para rastreamento de doenças e preservação da fertilidade.
Um dos grandes estigmas para mulheres e homens portadores de câncer era o futuro obscuro quanto à possibilidade de ter filhos após o tratamento oncológico, principalmente a quimioterapia. Esse medo foi superado com o advento das técnicas de congelamento de gametas que ganharam força e destaque entre as opções da reprodução assistida. Óvulos e espermatozoides são preservados através do congelamento antes do tratamento oncológico, sem prejudica-lo ou postergá-lo, mantendo a fertilidade.
Além da preservação da fecundidade nesses pacientes o congelamento do gameta permite o adiamento da paternidade/maternidade em homens e mulheres que ainda não se sentem preparados.
Congelamento de gametas não é o único expediente acessível. Embriões também podem passar pelo processo, seja pelo desejo de adiar a gravidez, seja em casos de embriões excedentes nos tratamentos de fertilização in vitro. Neste último, embriões congelados permitem nova tentativa de fertilização em caso de insucesso na primeira, sem que haja necessidade de nova etapa de indução da ovulação.
Mais um progresso muito interessante das técnicas de reprodução assistida é a gravidez em casais soro discordantes, seja em relação ao HIV ou outras doenças sexualmente transmitidas como as hepatites B e C. Para evitar a transmissão, realiza-se repetidos lavados do sêmen (no caso de infecção masculina) com o intuito de excluir possíveis vírus presentes no plasma seminal. Quando a infecção é feminina, o tratamento de fertilização in vitro em si já evita uma possível contaminação e o seguimento pré-natal correto, com obstetra de alto risco e infectologista visa prevenir a transmissão da doença de mãe para feto.
A Reprodução Assistida também avançou nas técnicas que permitem a gravidez em casais homoafetivos.  O tratamento para conseguir uma gravidez em casais formados por duas mulheres é realizado por técnicas de Reprodução Assistida. Utiliza-se espermatozóides doados anonimamente (banco de sêmen) para fecundar os óvulos pela técnica de ICSI. Os embriões são transferidos para o útero da futura gestante. Outra opção é a Inseminação Intrauterina, onde o sêmen, após minuciosa preparação, é injetado no útero de uma das parceiras após processo de indução da ovulação. Nos casais formados por dois homens, também se pode utilizar a técnica de Reprodução Assistida. Um dos parceiros será o doador dos espermatozoides para fecundar óvulos doados anonimamente, in vitro, pela técnica de ICSI. Os embriões formados serão transferidos para uma mulher voluntária, chamada “gestante de substituição” (Útero de substituição ou barriga de aluguel). Não obstante, o útero de substituição também pode ser utilizado em casais heterossexuais, quando a mulher apresenta problema anatômico no útero ou ausência deste. De acordo com a legislação brasileira, a gestante de substituição deve ter parentesco com um dos cônjuges até o quarto grau. Não é permitido remunerar a mulher que disponibiliza seu útero.
Por fim, um dos maiores encantos da Reprodução Assistida, na opinião desta colunista, é o chamado PGD – sigla em inglês para Diagnóstico Pré-Implantação. Este é um exame que permite identificar alterações genéticas nos embriões, antes de transferi-los ao útero. É indicado para casais que têm risco de transmitir doenças genéticas para os filhos. O tratamento é feito da mesma forma que uma FIV/ICSI habitual. Quando os embriões têm 3 ou 5 dias, ao invés de se fazer a transferência, realiza-se a biopsia de cada um dos embriões para se retirar 1 ou mais células. Essas células são então avaliadas por uma técnica específica, de acordo com a doença a ser avaliada. Uma vez identificados os embriões sem as alterações, eles são transferidos para o útero. Podemos aplicar a técnica de PGD em algumas outras situações como o aborto de repetição com causa genética ou mesmo em alguns casos de falha de implantação (3 ou mais ciclos de tratamento sem gravidez).

Os avanços são inúmeros e cada vez mais eficientes, apesar de pouco difundidos e acessíveis. Conversar com seu médico especialista e descobrir as infinitas possibilidades que a Reprodução Assistida proporciona é fundamental.

Autora: Dra Leila Lamas - Ginecologista e especialista em reprodução assistida 

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